A NBA é um show!

Não é tarefa fácil descrever uma emoção. Os idiomas em geral criaram palavras para definir um sentimento, mas até estas são vagas demais para explicar o que representam. Ou alguém sabe dizer, afinal, o que é o amor, a saudade ou o êxtase, por exemplo? Se os dicionários falham nessa tarefa, serei incapaz de descrever o que senti assistindo – pela primeira vez – a jogos da NBA, a famosa liga profissional de basquete dos Estados Unidos.
Foram três partidas (de nível mediano, é verdade): Atlanta Hawks x Charlotte Bobcats no Philips Arena, em Atlanta (Georgia); Washington Wizards x Cleveland Cavaliers no Verizon Center, em Washington D.C.; e Chicago Bulls x Cleveland Cavaliers no United Center, em Chicago (Illinois). Nos times, dois astros brasileiros: Nenê, pivô do Wizards, infelizmente esquentou o banco a partida toda; e Anderson Varejão, pivô do Cavaliers, usava um terno, pois estava contundido.
As ausências em quadra não chegaram a decepcionar. Aliás, durante o jogo, sequer as notei. Eram tantas as atrações e as emoções que alternei momentos de silêncio e de vibração, ambos reflexos dos mesmos sentimentos. Fiz questão de participar de todos os rituais, como comprar uma cerveja daquelas de copos gigantes e uma batata frita cheia de molhos para assistir às partidas.
Nos EUA, tudo é muito fácil. Os ingressos para os três jogos foram comprados no Brasil, com mais de um mês de antecedência. Foi possível inclusive escolher o lugar que queria nos ginásios (e que o bolso permitia...). Na hora do jogo, uma fila simples, com informativos claros (“Will Call” é o local a ser procurado por quem compra ingressos via Internet). Basta informar a letra inicial do sobrenome e pronto: ingresso na mão!
Em Atlanta, o acesso à arena foi feito a pé, pelo saguão do hotel/shopping onde está sediada a CNN. Também havia estação de metrô exatamente junto ao ginásio. Já na arena, bastava observar os andares (filas 100, 200, 300...) e os portões (de 301 a 320, por exemplo). Sem erro! Uma vez na arquibancada, há sempre um monitor para orientar e indicar o lugar correto. Banheiros estão por todos os lados, brilhantemente limpos e estruturados. Em cada canto também há lanchonete, bar, restaurante e até boate para sócios de clubes privês e convidados de empresas – para os vips, enfim.
  









  

Se a propaganda é a alma de qualquer negócio, está explicado porque a NBA exibe números milionários. A liga sabe ganhar dinheiro! Ela é muito mais do que um jogo. Aliás, o jogo é o detalhe da noite. Na verdade, a NBA proporciona um acontecimento, um evento, uma festa. Basta observar os intervalos para pedidos de tempo pelos treinadores ou de passagem entre as etapas do jogo: sempre há uma brincadeira para animar o público, via de regra patrocinada. Os mascotes e as famosas “cheerleaders” (as animadoras de torcida), em seus trajes minúsculos, ajudam a dar o tom das atividades.
Ah, é comum os torcedores ganharem presentes: em Atlanta, uma revista sobre o jogo (exclusivamente sobre aquele jogo); em Washington, um boneco do astro do time, John Wash; em Chicago, um pôster. Presentes dados logo na entrada do ginásio. E, dependendo do patrocinador, a lista pode aumentar. Em Chicago, por exemplo, o torcedor ganhava uma cartela com cupons de desconto e prêmios. Um deles, do McDonald´s, dava um Big Mac de graça para todos – isto mesmo, todos! – os torcedores caso o time local vencesse por mais de 100 pontos (como, aliás, ocorreu).
Em Washington, nos intervalos, dezenas de bonecos do mascote de um patrocinador caíam de para-quedas sobre as arquibancadas. Em todos os ginásios, camisetas eram atiradas (literalmente!) aos torcedores por meio de armas feitas especificamente para esse fim.
Divertidas também são as chamadas “kiss cam” – comum em praticamente todos os ginásios. Câmeras flagram casais na torcida que, quando mostrados nos telões, devem se beijar (daí o nome da brincadeira – “kiss” em inglês é beijo). Casais jovens, maduros, de longa data, de primeira viagem, vale tudo. Até, de repente, um beijo roubado, como ocorreu em Atlanta (diante da hesitação da pessoa que estava junto da jovem que apareceu no telão, um homem da fila detrás foi lá e, sem pestanejar, fez o “serviço” para diversão geral da galera).
Isto tudo sem contar a estrutura de apresentação das equipes, que inclui holofotes, raios de luz, desenhos luminosos, trilha sonora especial, cantores, etc. A hora do hino nacional é quase sagrada: um espetáculo à parte. Até fogos de artifício espoucaram em um dos jogos, dentro do ginásio. Sim, a NBA é definitivamente um show. Antes, durante e depois do jogo. Ah, o jogo? É apenas um detalhe...










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